quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Texto B4 - O conceito de Revolução

O conceito de revolução

Os historiadores são muito cuidadosos no emprego de conceitos e se esforçam para usá-los corretamente. Guerra não é a mesma coisa que revolução. Guerra é um conflito armado entre duas ou mais nações ou entre grupos diferentes dentro de um mesmo país (neste caso, fala-se em “guerra civil”). Estudamos numerosas guerras na História, como, por exemplo, a guerra dos Cem Anos (entre França e Inglaterra, no final da Idade Média) e a Guerra dos Mascates (entre comerciantes e senhores de engenho em Pernambuco, no século XVII).
Hoje, os historiadores chamam de revolução às transformações profundas (políticas, econômicas, técnicas, de valores, costumes etc.) que provocam a destruição total ou parcial da velha ordem e a substituição por uma nova ordem. A Revolução Francesa, por exemplo, pôs fim ao Antigo Regime da Idade Moderna, substituindo-o por um governo constitucional e representativo. A independência dos Estados Unidos, por sua vez, foi um movimento da História que destruiu a velha ordem colonial e implantou uma república apoiada em uma constituição. Por isso, mais do que uma guerra, foi uma revolução.
Uma transformação radical pode acontecer sem conflito armado, e, sobre isso, há numerosos exemplos na História. A descoberta da agricultura e a domesticação de animais, na Pré-História, desencadearam a Revolução Neolítica, assim chamada pelas amplas consequências que provocou na vida humana. O Iluminismo é considerado por muitos historiadores como uma revolução intelectual. No final do século XVIII, a Inglaterra passou pela Revolução Industrial. Mais recentemente, fala-se em revolução científica, em revolução sexual etc. Toda vez que técnicas, costumes, tradições ou valores que eram dominantes são substituídos por outros, alterando profundamente a vida das pessoas e as relações entre elas, nós usamos a palavra revolução.
Toda sociedade tem regras, convenções e leis criadas pelos próprios membros, que a elas obedecem em comum acordo. Mas, assim como criamos a sociedade em que vivemos, também podemos transformá-la e estabelecer um novo tipo de sociedade. Deixamos de obedecer às leis da velha ordem porque não acreditamos mais nelas. Os Iluministas, por exemplo, inspiraram a Revolução Francesa porque apresentaram razões que contestaram a autoridade do rei absolutista e, ao fazê-lo, exigiram um novo tipo de política, com outras regras e outras convenções sociais.

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